Só que a vida veio e levou quase tudo que havia entre nós. A confiança mútua, o respeito pelas lágrimas secretas vertidas na solidão dos travesseiros ou até a risada escandalosa no meio do mundo, que muito incomodava, depois das tantas cervejas.
Reforço que o rompimento não foi seco, rápido e indolor. Começou lá, bem no tempo em que a gente ainda acreditava num "pra sempre". Mas tudo acaba, como já disseram. A alegria, a tristeza, a saudade, os desejos.
Tudo isso vai embora. Assim como você fez quando nos deixou para trás em busca de outros sentidos. Tem dias em que até eu sinto. Mas é pra dentro, embotado, como se fizesse um bordado invisível aos olhos alheios.
Hoje você escreveu apenas uma linha. Lá no distante. Lá no exílio. E lembrou apenas de maldizer nossos dias. Sua generosidade se foi, como folha morta na ventania. Esqueceu de nós pacificados, plenos, abertos diante daquele mar imenso de possibilidades.
Não voltarei a ler a tal única frase. Palavra corta feito navalha. A sua tirou sangue, estancou meu riso que ficou suspenso, assombrado nos lábios. O pouco que havia talvez agora já não diga mais nada.
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